Movimento quer protocolar reforma política através de iniciativa popular

Samir Oliveira, do Portal Sul 21
O Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) pretende dar início em abril à coleta de assinaturas para protocolar no Congresso Nacional um projeto de reforma política de iniciativa popular. A minuta foi discutida durante dois anos e está sendo redigida por juristas e representantes da sociedade civil desde fevereiro.
Fundador do MCCE e um dos idealizadores e redatores da lei da Ficha Limpa, o juiz da 58º Zona Eleitoral do Maranhão, Márlon Reis, explica que a proposta defende o financiamento público de campanha. O magistrado evita avançar sobre outros temas, já que o projeto ainda está em fase de elaboração.
O juiz entende que o fim do financiamento privado tornaria o sistema eleitoral mais transparente e menos suscetível à corrupção. “As empresas privadas que doam buscam auferir lucros e vantagens que, muitas vezes, ocorrem sob forma de contratos ilegais e licitações viciadas. É uma forma de pagar com dinheiro público o investimento que bancou a eleição”, critica.
Márlon Reis também defende a redução do custo das campanhas. “As campanhas estão cada vez mais milionárias. Precisam ser modestas e servir apenas para a veiculação de ideias, não para a promoção da imagem pessoal de políticos”, argumenta.
O magistrado acredita que o Congresso não será capaz de aprovar propostas que ataquem os problemas estruturais da democracia brasileira. “Vejo com desconfiança a capacidade do Congresso de aprovar uma reforma efetiva, que não seja meramente cosmética. Os parlamentares têm seus interesses e podem aprovar uma reforma somente para satisfazê-los. Temos que nos preocupar com os interesses da sociedade”, compara.
Ele considera que o fatiamento da votação da reforma política “revela a incapacidade do Congresso de realizar uma profunda mudança no sistema”. Ainda assim, Márlon Reis admite que essa alternativa – e os pontos propostos pelo relatório – é “melhor do que desistir totalmente da reforma”.